sábado, 23 de janeiro de 2010

Entre o labor e o prazer

Como é difícil conter o apetite quando sua língua já conhece o sabor de certas guloseimas. A salivação se torna incontrolável, e a vontade do deguste é um prazer irresistível. Saciar-se, torna-se quase vital.
Naquele dia, tive a sensação de estar diante de um oásis depois de
caminhar por dias no meio do deserto.
Ele era lindo. Um adonis dos tempos modernos. Os lábios vermelhos e
carnudos, um nariz perfeito, sobrancelhas pretas como os cabelos, que eram lisos e longos. A pele clara, mas levemente bronzeada e um corpo perfeito. E como cheirava bem. Tinha cheiro de homem, forte, marcante... sensual. Mal se notava a pouca idade. O olhar era penetrante e a voz grave dava-lhe um tom de seriedade que instigava meus instintos.

E justamente a mim foi dada a "dura" tarefa de cuidar da paralisia
temporária que atingia os membros inferiores. A fisioterapia seria
imprescindível na recuperação dos movimentos e o caminho para voltar a andar depois do acidente de carro que o deixou em coma por vários dias.
Sempre levei muito a sério meu trabalho e sempre fui muito ética no trato com os pacientes, mas confesso que nem sempre era fácil conter meus instintos de leoa eternamente no cio. E desta vez foi ainda mais difícil.
Foram dois meses de trabalho duro, visitas diárias à sua casa, e muitos banhos gelados ao final de cada sessão. No caminho até meu
apartamento o suor escorria, a mente descontrolava, até que, debaixo do chuveiro minhas mãos trêmulas tomavam conta do meu corpo, e me faziam gemer e gozar quase em agonia pelo tesão contido durante cinquenta minutos, os mais longos que já havia experimentado.

Mais difícil ainda, era perceber que eu não estava sozinha nesta agonia. Cada vez que tocava com as mãos suas pernas, mesmo com a perda de sensibilidade causada pela paralisia, sentia que seu corpo respondia. Arrepiado, ele gemia baixinho e não conseguia conter as ereções. Tentava disfarçar, seu rosto corava e ele se contorcia num misto de dor e tesão. Quando acabávamos, os dois suando em bicas, suspirávamos aliviados ao mesmo tempo em que o desejo nos convidava a um contato ainda maior. Resistir era quase impossível, mas em nome do trabalho eu me continha e ele, por ser muito tímido e reservado, também se controlava.

Depois de dois meses, ainda havia muito o que fazer. Os movimentos
aos poucos iam voltando, mas a recuperação era lenta e o tratamento
ainda duraria um bom tempo. Tentei pedir que me substituissem, com
medo de não aguentar e acabar sucumbindo às minhas vontades, mas
ele se recusava a mudar de fisioterapeuta, e ameaçava abandonar o
tratamento.
Continuei, e em pouco tempo acabei subjugando meus valores éticos e
vencendo sua timidez, em nome de uma vontade enorme de tê-lo por
completo, de experimentar seu gosto, acolher seu fogo, sentir aquele
tesão todo explodindo dentro de mim.

O que aconteceu depois de uma sessão muito cansativa, pois pela
primeira vez ele conseguiu ficar de pé. Sentado na cama, apoiou-se em mim e conseguiu se levantar. Ficamos frente a frente. Ele com as mãos em meus ombros, minhas mãos em sua cintura, e seus olhos cravados nos meus. Nossos lábios salivavam um beijo.

Mas a fraqueza muscular das pernas logo cedeu ao peso do corpo, e ele despencou sobre a cama, levando meu corpo junto ao seu.
Meus seios tocavam seu peito nu, os mamilos eriçados foram facilmente sentidos por ele, que fechou os olhos, mordeu os lábios e me apertou contra si. As mãos, agora levemente abaixo da minha cintura, me apertavam enquanto seus lábios buscavam os meus.
Tentei me controlar ajudando-o a deitar-se novamente, mas nossos
corpos estavam muito próximos, suas mãos suavam e me seguravam
com força, ajeitei o travesseiro e senti sua respiração ofegante próxima ao meu ouvido. Arrepiei e não contive o impulso. Beijei-lhe avidamente, com a fúria de uma fêmea faminta, ao que ele respondeu segurando-me ainda com mais força. Pude sentir seu membro teso sob a roupa, buscando acolher-se em mim.
Foi um beijo longo, quente, saboroso, que destilava todo o desejo contido ao longo daqueles meses.
Parei, olhei em seus olhos, sorri carinhosa.

- Por hoje chega, descanse. Ainda temos muito trabalho pela frente.

Fui embora, deixando-o com o mais belo sorriso que já havia visto em
seus lábios. Naquele dia, não tomei um banho frio. Tomei um banho
quente, demorado, que me fez arder ainda mais. E gostei de me sentir
assim, e de imaginar o que ainda estaria por vir.

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